A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, expressou seu choque e indignação ao se deparar com as imagens de violência em Amsterdã, onde torcedores israelenses foram atacados por manifestantes em uma série de incidentes violentos ocorridos após uma partida de futebol. “As imagens de Amsterdã são horríveis e extremamente vergonhosas para nós na Europa”, declarou Baerbock, que publicou sua reação na plataforma X. Para ela, o surto de violência antijudaica ultrapassa os limites do aceitável, ressaltando que os judeus deveriam ter o direito de se sentirem seguros no continente europeu.
Este incidente, que ocorreu em um contexto global sensível, em meio ao agravamento das tensões decorrentes do conflito em Gaza, trouxe à tona preocupações sobre o antissemitismo na Europa. Essa violência foi amplamente condenada, com o governo de Israel mobilizando esforços para buscar justiça aos agredidos.
Acordos de Cooperação entre Israel e Holanda
Diante da gravidade da situação, Israel e Holanda concordaram em colaborar nas investigações sobre os ataques contra torcedores do Maccabi Tel Aviv, que enfrentaram o time Ajax, de Amsterdã, em um jogo de futebol. Durante uma reunião entre Gideon Sa’ar, Ministro das Relações Exteriores de Israel, e David van Veel, Ministro da Justiça e Segurança Interna da Holanda, ambos os países firmaram um acordo para coletar testemunhos dos cidadãos israelenses que sofreram abuso e preservar as evidências dos incidentes, com o objetivo de levar os agressores à justiça.
O ministro holandês expressou seu pedido de desculpas pelos episódios de violência, enquanto Sa’ar destacou que a Europa está enfrentando um aumento de manifestações antissemitas, frequentemente fundamentadas na negação do direito de existência do Estado judeu e de sua capacidade de autodefesa. Para Israel, essa colaboração é fundamental, não apenas para a proteção de seus cidadãos, mas também para combater o crescente ódio antijudaico na Europa.
Medidas Emergenciais em Amsterdã
A prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, reconheceu publicamente a gravidade da situação e anunciou uma série de medidas emergenciais para proteger os torcedores israelenses e evitar novas ocorrências de violência. Em uma coletiva de imprensa, Halsema admitiu sua vergonha pelo que considera um momento “muito sombrio” para a cidade. Ela condenou os ataques antissemitas que vitimaram os visitantes israelenses, descrevendo-os como ações “de atropelamento e fuga” e chamando os agressores de “criminosos antissemitas”.
As medidas de segurança implementadas abrangem Amsterdã e os subúrbios ao sul da cidade, incluindo Amstelveen. Essas ações incluem poderes ampliados para a polícia realizar revistas adicionais e uma proibição temporária de protestos e do uso de máscaras em áreas públicas. Além disso, edifícios que possam ser alvos potenciais de ataques estão sendo fortemente protegidos.
Um Olhar sobre o Incidente
As tensões começaram a se intensificar após o confronto esportivo em que o Ajax venceu o Maccabi Tel Aviv por 5 a 0. No caos que se seguiu, a polícia de Amsterdã prendeu 62 pessoas envolvidas em tumultos e confrontos violentos. O incidente resultou em cinco feridos hospitalizados, e Israel inicialmente planejou enviar aviões militares para repatriar seus torcedores, mas optou por voos comerciais.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comparou a violência em Amsterdã a um episódio sombrio da história: a Kristallnacht, de 1938, que marcou o início de uma série de ataques violentos contra judeus na Alemanha nazista. Netanyahu afirmou que, 86 anos depois, o ódio contra judeus na Europa parece estar ressurgindo, reforçando a necessidade de ações urgentes contra o antissemitismo.
A Noite dos Tumultos
Em meio ao crescente clima de hostilidade, os apoiadores do Maccabi Tel Aviv haviam se reunido na Praça Dam, centro de Amsterdã, antes da partida. Horas antes do jogo, a polícia efetuou as primeiras prisões, respondendo a crimes de perturbação da ordem pública. A situação piorou após a partida, quando torcedores israelenses foram alvo de ataques em vários pontos da cidade, em particular por manifestantes pró-Palestina que procuravam confrontos diretos.
Esses manifestantes, que inicialmente planejavam realizar uma reunião na praça Anton de Komplein, próxima à Arena Johan Cruyff, foram impedidos pela polícia de se aproximarem do estádio. Ainda assim, durante o deslocamento, alguns desses manifestantes atacaram a polícia com fogos de artifício. Um total de 30 pessoas foi preso nas proximidades da arena, acusadas de desordem pública e posse de fogos de artifício.
A noite se encerrou com mais relatos de confrontos no centro da cidade, e o Ministério da Segurança Nacional de Israel orientou seus cidadãos em Amsterdã a permanecerem em hotéis e evitarem a movimentação durante a madrugada, como medida de segurança.
Reflexões sobre o Antissemitismo e a Conjuntura Atual
O episódio em Amsterdã destaca um problema crescente que ultrapassa o contexto do futebol e ressoa em questões globais, principalmente com o atual conflito entre Israel e Palestina. A violência contra torcedores israelenses parece ter sido intensificada pela polarização gerada por esse conflito, exacerbando tensões que se manifestaram nas ruas de Amsterdã com intensidade e virulência.
A reação de líderes europeus e de Israel revela uma preocupação compartilhada com a escalada do antissemitismo, o que aponta para a necessidade de políticas mais incisivas e de uma vigilância constante contra a intolerância. No entanto, este incidente também sugere um alerta sobre os riscos de polarização política e religiosa que afetam diretamente a segurança de comunidades inteiras e de visitantes em países considerados bastiões de diversidade e tolerância.
Embora o caso de Amsterdã seja um reflexo de tensões externas que permeiam o cotidiano de várias nações, ele também destaca a importância de combater os discursos de ódio e de consolidar medidas concretas de segurança e apoio às minorias. É um lembrete de que o antissemitismo, embora muitas vezes subestimado, permanece uma ameaça tangível e crescente.
As investigações prosseguem, e espera-se que a colaboração entre Israel e Holanda contribua para justiça aos afetados, enquanto as lideranças europeias são convocadas a tomar ações mais firmes contra a intolerância em todas as suas formas.