Buscando satisfação pessoal e descanso das pressões sociais, muitas pessoas estão vendo as festas de fim de ano como o momento ideal para viajar sozinhas.
Passar as férias sem a companhia de familiares ou amigos sempre carregou estigmas, como o da solidão. No entanto, isso está mudando. Com a expansão da cultura progressista nas sociedades ocidentais, há uma flexibilização das convenções sociais e familiares, o que leva muitos a substituírem as tradições de fim de ano por férias focadas no autoconhecimento e na possibilidade de novas amizades.
A empresa Flash Pack, que conecta viajantes solo entre 30 e 59 anos para aventuras em grupo, relatou que suas reservas dobraram nos últimos dois anos durante as festas. Outras empresas de turismo e hospedagem também observam o aumento. A rede de hostels a&o Hostels, por exemplo, registrou um aumento de 51% nas reservas de Natal para pessoas viajando sozinhas entre 2019 e 2023. “Os fins de semana de dezembro costumavam ser tão fracos que pensávamos em fechar”, disse Oliver Winter, CEO da empresa. “Hoje é um período de alta ocupação.”
Diversos fatores alimentam o crescimento das viagens solo, conforme apontado por Winter. Viajar sozinho é mais seguro, com informações de destino e transporte disponíveis online, cobertura ampla de celulares e ferramentas de compartilhamento de localização. Encontrar atividades sociais também ficou mais fácil, seja por meio de aplicativos ou diretamente com a hospedagem, com opções como visitas a mercados de Natal e patinação no gelo. Winter acrescenta que muitos ainda compensam as viagens adiadas durante a pandemia.
A influência das redes sociais também é forte, com influenciadores promovendo as viagens solo como uma marca de independência e aventura, inspirando novos viajantes com vídeos, fotos e roteiros. Grandes cidades como Tóquio, Londres, Nova York e Las Vegas, que possuem ótima infraestrutura para turistas independentes, estão entre os destinos preferidos, segundo dados da Expedia. Viagens para destinos variados, como África, ilhas do Oceano Índico e locais remotos da Ásia, também atraem um público crescente.
Alguns viajam no fim do ano em busca de descanso e renovação, desejando “rejuvenescimento” em ambientes tranquilos e próximos à natureza. Amber Laree, de 58 anos, uma planejadora de viagens de Nova York na Mountain Travel Sobek, passou a viajar sozinha após o divórcio e a saída dos filhos de casa. “Por décadas, organizei experiências mágicas para minha família nos feriados”, conta. “Agora, viajo como um presente para mim mesma.” Este ano, ela planeja passar novembro e dezembro na Tailândia, Camboja, Laos e Vietnã.
Para ela, viajar oferece uma fuga das tradições e, de certo modo, um alívio. “Solidão e perdas podem ser intensas nas festas”, diz Laree. Estar “entre estranhos que não conhecem ou compartilham seu passado” é, para ela, uma forma de acolhimento e paz.