Desde o início da pandemia de COVID-19, os países ocidentais têm enfrentado uma alta persistente no número de mortes acima do esperado, conhecida como excesso de mortalidade. Um estudo publicado no British Medical Journal lançou luz sobre o impacto deste fenômeno, que persiste mesmo após a implementação de medidas rigorosas de saúde pública e campanhas de vacinação em massa. Com base nos dados do Our World in Data, a pesquisa abrange 47 países, analisando os efeitos combinados da pandemia e das intervenções de saúde pública entre 2020 e 2022.

Principais Descobertas: Uma Tendência Preocupante

No primeiro ano da pandemia (2020), marcado pelo início das medidas de isolamento, o excesso de mortalidade foi estimado em 11,4% acima do previsto. Em 2021, mesmo com a introdução de vacinas e a manutenção de algumas medidas preventivas, esse número subiu para 13,8%. Em 2022, quando muitas restrições foram relaxadas, mas a vacinação continuou, o excesso de mortalidade permaneceu alto, atingindo 8,8% acima do esperado.

O estudo aponta que em 2022, grande parte dessas mortes não esteve diretamente relacionada à COVID-19, mas a outras condições como doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais e coágulos sanguíneos. Essa mudança no perfil das causas de morte levanta preocupações adicionais sobre os impactos indiretos da pandemia na saúde pública.

Metodologia e Confiabilidade

A análise utilizou o modelo Karlinsky e Kobak, baseado em dados de mortalidade de 2015 a 2019, como referência para calcular o número esperado de mortes em períodos específicos. A confiabilidade do modelo é reforçada por sua capacidade de ajustar variações sazonais e mudanças populacionais, oferecendo uma base sólida para estimar o excesso de mortes.

Apesar disso, os autores reconhecem desafios na análise causal, pois diversos fatores, como infecções diretas por COVID-19, medidas de quarentena e efeitos da vacinação, podem ter contribuído para a alta mortalidade observada.

No vídeo abaixo a pesquisa é discutida.

Ative as legendas em Português no menu inferior a direita.

A Relação com as Vacinas: Faltam Evidências Conclusivas

Embora algumas críticas ao estudo sugiram uma possível ligação entre a vacinação contra a COVID-19 e o aumento das mortes, os pesquisadores deixam claro que essa não é a conclusão da análise. O estudo enfatiza que a mortalidade elevada resulta de múltiplos fatores e que, até o momento, a segurança das vacinas exige investigações mais aprofundadas.

Pesquisas anteriores indicaram subnotificação de eventos adversos graves relacionados às vacinas, o que reforça a necessidade de mais estudos para avaliar possíveis impactos a longo prazo. Os autores destacam a importância de maior transparência e acesso a dados clínicos para esclarecer essas questões.

Transparência e Pesquisa: Um Caminho Necessário

O estudo apela para que governos ocidentais publiquem dados detalhados sobre mortes e suas causas, permitindo análises públicas mais abrangentes. Além disso, recomenda-se que a segurança das vacinas de mRNA seja avaliada continuamente, dada a variabilidade nos efeitos colaterais reportados entre diferentes lotes de vacinas.

Essa transparência é crucial para ajudar pesquisadores e formuladores de políticas a identificar fatores que contribuíram para o aumento das mortes e, assim, preparar estratégias para futuras crises de saúde pública.

Críticas ao Estudo: Neutralidade em Foco

Os pesquisadores também enfrentaram críticas de que sua análise poderia sugerir uma ligação causal direta entre as vacinas e o excesso de mortes. Eles reafirmam que o objetivo do estudo é examinar tendências, sem atribuir causalidade. No entanto, essa controvérsia destaca a necessidade de maior clareza na comunicação científica e no debate público.

Dr john campbell carlisle uk / Fair use informativo

Perspectivas Finais

Os resultados sublinham a complexidade do impacto da pandemia de COVID-19 na saúde pública. Além das mortes diretamente atribuídas ao vírus, fatores secundários como atrasos no atendimento médico, impactos econômicos e psicológicos e possíveis efeitos adversos das intervenções de saúde pública desempenharam papéis significativos.

Para lidar com essas questões, os autores do estudo incentivam a implementação de políticas de transparência e a publicação de dados detalhados. A pesquisa contínua será essencial para compreender os fatores subjacentes às altas taxas de mortalidade e garantir que futuras respostas a pandemias sejam baseadas em evidências robustas.

Recursos Recomendados para Mais Informações:

1 – British Medical Journal (BMJ)
Publicação científica que aborda temas relacionados à saúde global e políticas públicas. Acesse: Excesso de mortalidade em países do mundo ocidental desde a pandemia de COVID-19: estimativas de ‘Our World in Data’ de janeiro de 2020 a dezembro de 2022.

2 – Our World in Data
Plataforma que oferece dados atualizados sobre mortalidade, vacinação e saúde pública global. Disponível em: Excesso de mortalidade: Mortes por todas as causas em comparação com a média dos anos anteriores.

3 – Trabalho de Gertjan Kaspers e Saskia Mostert

Excesso de mortalidade em países do mundo ocidental desde a pandemia de COVID-19: estimativas de ‘Our World in Data’ de janeiro de 2020 a dezembro de 2022

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *