Relatos sugerem que Donald Trump teria ligado para Vladimir Putin para discutir a guerra na Ucrânia e pedir moderação no conflito. No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que essa ligação nunca aconteceu.
A recente suposta conversa entre Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, e Vladimir Putin trouxe à tona questões sobre a política externa americana e suas consequências para o conflito na Ucrânia. Trump teria ligado para o presidente russo a partir de sua residência na Flórida, onde teria solicitado ao Kremlin que evitasse uma escalada militar. Essa interação marca um passo cauteloso em um período de transição nos EUA, onde a expectativa sobre a abordagem de Trump para a guerra ucraniana e a postura americana no cenário geopolítico aumentam.
Durante a ligação, Trump mencionou a presença militar dos EUA na Europa, sinalizando que, embora aberto ao diálogo, considera a força americana na região um fator importante. A tensão entre Rússia e Ucrânia se intensificou com trocas de ataques de drones, e um novo presidente assumindo os EUA implica a necessidade de alinhar posturas e ações.
Os Primeiros Passos de Trump na Diplomacia: Conexões e Estratégias
A conversa com Putin não foi a única demonstração de Trump de que a política externa estará em alta em sua agenda. Em outro ponto de sua agenda de transição, Trump falou três vezes nos últimos dias com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Para Netanyahu, essas foram “conversas importantes”, com destaque para a ameaça representada pelo Irã. Netanyahu vê o novo governo americano como uma oportunidade de alinhamento estratégico, principalmente na abordagem contra o Irã, mas também no fortalecimento das relações de paz entre Israel e seus vizinhos.
Essas interações indicam que Trump busca cultivar uma rede de alianças enquanto molda sua política externa. Seu foco parece estar em uma abordagem mais direta, conversando com cerca de 70 líderes mundiais desde a eleição, incluindo Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia. A presença de Elon Musk nessa ligação foi um ponto inesperado, mas pode sugerir a importância da tecnologia e da inovação no desenvolvimento de soluções para o conflito, já que Musk tem fornecido sistemas de internet para a Ucrânia por meio do projeto Starlink.
Biden, Trump e o Futuro da Ajuda à Ucrânia
O atual presidente Joe Biden, ainda no comando do governo, declarou que os próximos 70 dias serão essenciais para garantir o apoio dos EUA à Ucrânia antes da transição. A Casa Branca, por meio do conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, disse que Biden vai aproveitar esse período para consolidar a posição americana em apoio ao governo ucraniano contra a invasão russa. Biden enfatizou que a ajuda militar e financeira à Ucrânia, que somou bilhões de dólares desde o início da guerra, é crucial para a estabilidade europeia.
Durante uma entrevista à CBS, Sullivan afirmou que a permanência da assistência é uma prioridade e que o governo pretende usá-la como base para manter a Ucrânia “na posição mais forte possível” tanto no campo de batalha quanto nas negociações. Com a aproximação de uma reunião entre Biden e Trump, o governo atual deverá expor ao presidente eleito a necessidade de continuar o suporte ao país aliado. Essa reunião, prevista para quarta-feira, será a primeira entre Biden e Trump desde a eleição.
O Impacto de uma Nova Política Externa e a Reação do Kremlin
Trump prometeu em sua campanha resolver o conflito ucraniano “em um dia”, afirmando que, uma vez no cargo, traria uma solução rápida e definitiva. Contudo, a questão de como ele fará isso permanece em aberto. Uma de suas sugestões inclui a possibilidade de que a Ucrânia ceda parte de seu território em um acordo de paz, uma proposta que Kiev rejeita, e que Biden também nunca apoiou. A Rússia, por outro lado, observa a nova postura americana com otimismo cauteloso. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, mencionou que os “sinais são positivos” e que Trump, durante sua campanha, demonstrou interesse em buscar acordos, diferentemente da atual administração, que tem mantido uma postura de “derrota estratégica” para a Rússia.
Essa diferença de perspectiva entre os presidentes reflete uma mudança potencial de postura nos EUA em relação ao conflito, algo que o Kremlin percebe como uma vantagem estratégica. A aproximação diplomática de Trump pode significar uma reavaliação da posição dos EUA sobre a guerra na Ucrânia, com um possível abrandamento na política de sanções e uma revisão do apoio militar contínuo.
A Questão do Orçamento: O Papel do Congresso Americano
Outro fator que afeta diretamente o apoio à Ucrânia é o Congresso dos Estados Unidos. Com os republicanos possivelmente assumindo o controle do Senado, Trump poderá contar com um ambiente legislativo mais favorável para aplicar suas políticas. A ajuda financeira e militar à Ucrânia, que ultrapassou US$ 174 bilhões sob o governo Biden, deve enfrentar novos desafios em um cenário onde o partido Republicano pode controlar as duas câmaras do Congresso. A aprovação de recursos adicionais para a Ucrânia, assim, será um tópico delicado para o novo governo, especialmente considerando as críticas de Trump ao custo elevado desse suporte.
Rússia e Ucrânia: Um Conflito que Aumenta de Intensidade
No último final de semana, o conflito Rússia-Ucrânia teve um aumento notável na atividade militar, com o lançamento de drones recorde de ambos os lados. A Ucrânia realizou o maior ataque de drones a Moscou desde o início da guerra, gerando danos e forçando o redirecionamento de voos nos principais aeroportos da capital russa. Estes acontecimentos reforçam o pedido de Zelenskyy por um apoio contínuo do Ocidente, enquanto ele argumenta que apenas “decisões fortes” podem garantir a paz e a segurança em longo prazo.
Enquanto isso, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, expressou uma expectativa positiva em relação ao futuro governo Trump, observando que o presidente eleito parece inclinado a buscar “acordos” em vez de uma “derrota estratégica” para a Rússia. Essa visão, caso confirmada, representaria uma mudança significativa em relação à postura atual de Biden, que busca manter a pressão sobre Moscou por meio de sanções e suporte direto à Ucrânia.
Os Próximos Passos e as Expectativas para a Reunião Biden-Trump
Com Biden e Trump prestes a se encontrar, a reunião se torna um momento crucial para definir os rumos da política externa americana. Biden espera convencer Trump a manter o apoio à Ucrânia, destacando a importância de uma Europa estável e segura. Além disso, o encontro também será uma oportunidade para Biden discutir com Trump outras questões geopolíticas, incluindo a situação no Oriente Médio e as tensões crescentes na Ásia.
Para Trump, que sempre adotou uma postura mais isolacionista em relação aos conflitos externos, essa reunião pode ser uma oportunidade para alinhar suas promessas de campanha com a realidade geopolítica. A sua visão de resolver o conflito “em um dia” pode ser um reflexo de sua confiança em sua habilidade de negociação, mas também levanta dúvidas sobre a efetividade de uma solução rápida para um conflito tão complexo.
Conclusão
A ligação entre Trump e Putin antes da reunião com Biden é um sinal claro de que a política externa americana pode tomar novos rumos. Trump busca uma abordagem menos intervencionista e mais voltada para acordos, especialmente com a Rússia, enquanto promete resolver o conflito na Ucrânia em um curto espaço de tempo. No entanto, essa postura causa preocupações entre os aliados europeus e ucranianos, que temem uma queda no apoio dos EUA em um momento crítico da guerra.
Esse cenário gera expectativas tanto entre os aliados ocidentais quanto nos adversários geopolíticos dos EUA, à medida que aguardam para ver como Trump equilibrará seu desejo de redução de gastos externos com as exigências de estabilidade e segurança globais.